sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

>> 2015/1 - Fim, de Fernanda Torres


Nove dias em 2015; seis dias com o primeiro livro do ano, e já estou aqui morrendo de saudade de Fim, da Fernanda Torres. Sim, eu sinto saudades dos livros logo depois que os termino - quando são bons, claro.

Eu havia ouvido muitos elogios sobre o título de estreia da atriz que, além de ser incrível e ter dado vida à Vani (aquela personagem maravilhosa que tem um pouco de todos nós), e imaginava que encontraria uma história boa nas 200 páginas de Fim. Maaaas eu não imaginava que a surpresa seria tão positiva. Entrou para a lista dos meus preferidos.

Cinco amigos veem suas vidas passarem, como diz o clichê, diante de seus olhos, e relembram como eram diferentes, ao mesmo tempo em que não poderiam ser mais semelhantes. Mas o livro passa longe da lição de moral ou do lugar-comum. Fernanda Torres, essa linda, se mostra uma escritora de muito talento ao desenvolver a narrativa, que é feita de trás pra frente e ao mesmo tempo de forma não-linear, com direito a diversos flashbacks de narradores que, ora em primeira, ora em terceira pessoa, completam um emaranhado de relações que se encaixam, no calor do Rio de Janeiro, das formas mais inesperadas (ou mais óbvias, mas não menos importantes).

A escrita de Fernanda não segue o trivial: emenda um fluxo de consciência à altura de Clarice Lispector (uma das minhas escritoras preferidas) com diálogos que dispensam travessão, começando e terminando de repente, como muitas vezes acontece em nosso cotidiano sem que paremos para perceber. Não se sabe quem estará narrando a próxima página, e isso alimenta a curiosidade até a última página.

Fim é sobre amizade, que pode se abalar com uma simples palavra. É sobre amor, que pode existir à noite e desaparecer pela manhã. Sobre sexo, que pode ser arrebatador, quente, sujo, alucinante ou apaixonado - ou tudo isso de uma vez. É sobre a efemeridade das relações, do cotidiano, da juventude, da existência.

Fim é sobre morte; e parte dela para seguir toda a sua narrativa. Mas aqui eu não estou contando o desfecho do livro porque ele é muito mais do que isso. É sobre vida. A vida mais comum possível e, por isso mesmo, a mais extraordinária possível.

Termino o primeiro livro do ano na expectativa de que Fernanda Torres publique mais romances assim. O segundo lançamento dela - Sete Anos - é um compilado de crônicas e já está na minha fila.

E você, já leu Fim? Onde? Quando? Me conte o que achou!

Um comentário:

  1. Oi Ana! Li "Fim" ano passado, nas minhas férias, e fui arrebatada por esse livro. Como pode ser tão pequeno, simples e, ao mesmo tempo incrível, não é?! Afinal, como você bem disse, "Fim" fala das efemeridades e, mais do que a morte, fala da vida. Gostei do blog e da ideia! Continue postando. :*

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